As imagens das lâminas do Tarô não representam aquelas do deck original criado no Oriente e ainda foram sofrendo mudanças, conforme a cultura, as crenças e os interesses dos artistas que as produziram através dos tempos e para diferentes tipos de baralhos. As imagens de hoje, principalmente dos Arcanos Maiores apresentam símbolos novos e diferentes daqueles do baralho original.
Quem pode assegurar, inclusive, que o número de lâminas é exatamente igual ao primeiro conjunto de cartas que foi desenvolvido? Em caminho inverso, sabemos que o baralho comum de jogos de naipes, expurgou a carta do Cavaleiro, tendo atualmente apenas o “Rei”, a “Dama” e o “Valete”. Usando o mesmo raciocínio, podemos imaginar que, em algum momento da história, pode ter sido suprimido um arcano (ou mais) do primeiro deck do Tarô?
Até mesmo os baralhos antigos apresentam variações de suas artes que, sem dúvida, nos afastam do baralho original. Aí cabe uma pergunta: a inclusão de novos desenhos e novos símbolos criam nas lâminas de Tarô um cenário propício para novos sinais?
Estes questionamentos podem ser considerados como razoáveis?
A seguir, eu apresento alguns aspectos para a sua apreciação e análise, certo de
que existem muitos outros; o objetivo é provocar uma reflexão.
Apresento alguns exemplos sobre as imagens as quais vemos presentes nos Arcanos de Marselha. Imagens estas que entendo não estiveram presentes naquele baralho descoberto no Oriente. As imagens mostram:
- a) As personagens vestidas com trajes da realeza europeia.
- b) As personagens com artefatos da realeza, como coroas, cetros e escudos.
- c) A inserção de símbolos religiosos como a cruz e os anjos, por exemplo.
- d) A inserção de sinais associados à maçonaria.
Ressalvo que, em meu modo de entender, as alterações das imagens não tiveram nenhuma intenção de má-fé, mas a intervenção de artistas com o objetivo de tornar o baralho original mais palatável aos prazeres da corte europeia que o conheceu, antes do grande público. Assim não é difícil imaginar os “heróis” das cartas com os “artefatos e vestes apropriadas” da nobreza; da mesma forma, impregnar os desenhos com imagens da religião (católica) dominante na época e aceita pelos governantes, no sentido de facilitar a transmissão dos sinais. No tocante àqueles ligados à Ordem Maçônica, presentes em alguns baralhos, podemos entender a sua presença pelo fato de que grandes Tarólogos foram maçons, podendo ter influenciado no desenvolvimento das artes das lâminas, também com o mesmo intuito. Entre eles podemos citar Antoine Court de Gébelin, Gérard Anaclet Vincent Encausse (Papus) e o Conde de St. Germain.
Baralhos recentes de Tarô, com novos desenhos e novos temas foram surgindo com o passar dos tempos e neles vemos novos símbolos sendo inseridos em suas artes. Não temos como saber quantos decks diferentes são comercializados no mercado e quantos outros estão sendo elaborados com novos desenhos!
Não temos hoje nenhuma referência ao primeiro deck? Terá
sido aquele trazido por Papus do Oriente? Onde está o Manual?
Baralhos diferentes podem dar sinais diferentes para os
Tarólogos? Onde está o Manual!?
Onde está o Manual? Esta é uma pergunta, cuja resposta merece um artigo à parte.
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