O Tarô responde "quem roubou o meu queijo"?

As pessoas buscam saber o que está oculto para elas e todas as perguntas que elas fazem para o Tarólogo são válidas, em função da importância que tais perguntas estão a dar em suas vidas. Daí, é natural recebermos perguntas das mais estranhas e inusitadas para nós e, por isso mesmo, com um grau de dificuldade razoável.

Eu uso uma metodologia, antes mesmo de usar as cartas. Respeitosamente e à título de contribuição, é a seguinte:

A pergunta “Quem pegou o queijo na geladeira?” busca identificar um ator – “quem” em um evento – “roubo” em um determinado espaço – “geladeira”. A questão do “quando” não foi nem colocada pelo consulente, em outras palavras o “tempo”. A variável “espaço” não temos de trabalhar, visto que foi evidenciada pelo consulente (a geladeira).

Assim, a pergunta inusitada (“Quem pegou o queijo na geladeira?”) pode ter o mesmo grau de exigência de outras que recebemos como “Encontrarei meu verdadeiro amor na festa de sexta-feira?”, “Quem esteve envolvido no desfalque na empresa do meu pai?”, apenas como exemplo.

Existem outras variáveis. Uma delas é o período de ocorrência do evento; outra que pode ser levantada como questão é o motivo. Refazendo a pergunta ela poderia ficar de outra forma, por exemplo: “Meu queijo sumiu da geladeira; quem pegou, qual a razão para essa maldade e quando foi?”

Como toda leitura, a resposta a “quem roubou o meu queijo?” deve acontecer depois de um processo de entrevista séria com o consulente que permita trazer bons fluidos e mais informação ao cenário do jogo. Resguardando as devidas proporções, nós podemos exemplificar, usando o processo de anamnese empregado antes dos diagnósticos médicos. Quanto mais informação, maior a precisão!

A figura do ator (“quem”) pode ser (1) uma figura conhecida, íntima ou desconhecida, (2) do sexo feminino ou masculino, tendo traços (3) físicos e (4) comportamentais que a cartas podem mostrar facilitando a identificação. Aí já temos quatro referências que as lâminas de Tarô podem oferecer.

O período da ocorrência e o cenário que provocaram o evento também pode ser indicado pelas cartas. No tocante ao período, as cartas podem dizer o ano, o mês e a hora aproximada. Quanto ao motivo, as cartas podem mostrar o ambiente da ocorrência indicando indícios de desejo, de traição, de ciúmes ou de inveja.

Há quem diga que agências de inteligência e polícias de muitos países utilizam os serviços de tarólogos como suporte em casos de difícil solução, na busca por indícios que ajudem desenrolar novelos de criminalidade. 

Aí está a questão crítica: O Tarô facilitará a identificação, mas não pode ser contundente na acusação, uma vez que não é esta a sua finalidade. Tarólogos podem ajudar a desvendar crimes, indicar possíveis pistas e suspeitos, mas não podem ser categóricos em acusações. Isso porque as cartas operam com indícios e não com evidências.

De antemão, o Tarólogo deve deixar isso claro para o consulente, no sentido de se evitar mal-entendidos.

A arte do Tarô, criada, costurada e desenvolvida por inúmeros Mestres de tempos e recantos dos mais variados do planeta, nos oferece um enorme e maravilhoso descortinar das coisas. Difícil, é conhecer tudo que ele pode nos mostrar; mais difícil ainda é atingir a Maestria (estágio no qual sei que não me encontro e penso ainda estar distante). Penso que resta-nos continuar aprendendo e descobrindo nas cartas os indícios que buscamos e são muitos os indícios que elas podem revelar.

"O Tarô responde “quem roubou o meu queijo”?" de Carlos Santarem - 234.434 está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

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